Férias combinam com praia. De preferência, com belas paisagens e água morna. E se vier com a chance de fazer turismo histórico, melhor ainda. Foi com esse espírito que parti em uma viagem rumo ao litoral sul da Bahia, a chamada Costa do Descobrimento. Como não estava em busca da agitação em ritmo de axé das areias de Porto Seguro, onde os portugueses aportaram há 515 anos anos, preferi a tranquilidade da vizinha Arraial d’Ajuda, do outro lado do Rio Buranhém.
Não que Arraial seja calmaria total. É lá que fica a famosa Rua do Mucugê, que reúne bares, restaurantes, lojas descoladas e operadoras de turismo oferecendo diferentes passeios. Mas, em meio a coqueiros e falésias à beira-mar, você certamente encontrará mais opções sossegadas para se estirar sob o sol. Se tiver disposição para longas caminhadas, poderá, inclusive, curtir uma praia praticamente deserta.
Rua do Mucugê
Proclamada nos sites de turismo baianos como “a rua mais charmosa do Brasil”, Mucugê é o ponto de encontro de Arraial d’Ajuda a partir do fim da tarde, quando lojas e restaurantes abrem suas portas. Se você já foi a Pipa ou a Morro de São Paulo, sabe exatamente o que vai encontrar: boas opções em gastronomia, roupas descoladas e acessórios. Procurando bem, você encontra preços acessíveis, como uma lagosta bem servida para duas pessoas a R$ 90. Se você for até lá, sugiro duas paradas obrigatórias: o Crepe da Miloca, com a espetacular combinação de carne de sol, catupiry e creme de abóbora, e a sorveteria artesanal Coelhinho, que renova diariamente seus sabores.
História
No alto de uma colina, nas proximidades da Rua do Mucugê, fica a maior atração histórica de Arraial, a Igreja de Nossa Senhora d’Ajuda. A capela original data de 1549 e foi batizada em homenagem ao primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa (1503 — 1579), e aos jesuítas que chegaram com ele em três naus — Conceição, Salvador e Ajuda. Neste local, há ainda uma fonte que, como se propagou a lenda ao longo dos séculos, teria surgido milagrosamente.
Tendo passado por uma transformação em 1930, a bela igreja de arquitetura colonial virou cartão-postal e ícone da cidade. E o cenário colabora: em frente, uma praça ladeada por casas antigas convertidas em lojas de artesanato, com preço mais em conta do que na Rua do Mucugê; e, na parte de trás, um mirante para a praia mostra o que que a Bahia tem.
Uma iniciativa recente coloriu ainda mais o visual: tal qual na Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, os turistas são convidados a pendurar fitas coloridas (acompanhadas, claro, de um pedido) na cerca atrás da igreja, formando um muro multicolorido para o mirante. Só deixa a desejar mesmo a tal fonte. Depois de descer uma escadaria, chega-se à construção suja e malcuidada, que não compensa o esforço da subida de volta.
Onde se hospedar
A dica é para quem viaja sem planos de alugar carro — ou que não tem intenção de dirigir em qualquer deslocamento. Na hora de escolher a pousada, pergunte-se: você prefere caminhar mais para ir à praia ou para jantar? Preferi a primeira opção e fiquei em uma das muitas pousadas no entorno da Rua do Mucugê.
Há, inclusive, opções pé na areia. Assim, eu explorava as praias durante o dia, mas, à noite, o trajeto até os restaurantes e lojas era curto.
Há opções nas praias mais distantes, como a bela Pitinga, mas aí reserve fôlego para a hora do jantar.
As praias
Mucugê
Todos os caminhos levam à praia do Mucugê, onde se concentra boa parte das pousadas — inclusive a que escolhi. Tem o kit completo: coqueiros, boa infraestrutura de bares e restaurantes e piscinas naturais na maré baixa. Mas resolvi seguir a dica do blog Viagens Cinematográficas e fazer dali meu ponto de partida para conhecer outras praias.
Parracho
Seguindo à direita, em poucos minutos de caminhada se chega à praia do Parracho. O cenário é praticamente o mesmo, com mais coqueiros e menos bares. E consideravelmente menos movimento. Mas não pare por aí. Em meia hora de caminhada (a partir do Mucugê), uma paisagem diferente recompensará seu esforço.
Pitinga
Uma ponta de areia prolonga-se em um recife mar adentro (visível quando baixa a maré) anunciando que você está na Pitinga, um paraíso de águas mornas e supercalmas, ladeado por falésias. Hora de parar, escolher um dos poucos bares e relaxar: meu preferido foi a Barraca do Faria, com seus deliciosos pastéis de camarão ao som de MPB e pop rock em volume moderado.
Além do mar, perfeito para o banho, há um curso de água doce, que também atrai visitantes, principalmente crianças. Para os maiores — e mais corajosos —, há a opção de voar de parapente.
Lagoa Azul
Se você tiver disposição para mais meia hora de caminhada, seu próximo destino é a Lagoa Azul, uma praia onde, em pleno dezembro, não encontrei nenhum vivente. Apenas um bar, à espera de visitantes. Lá, as falésias são mais recortadas, criando cenários perfeitos para fotos.
Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/viagem/noticia/2015/03/arraial-d-ajuda-na-bahia-tem-tranquilidade-sombra-e-agua-fresca-4709782.html